Em defesa
do Sistema S
O Brasil
inteiro, (principalmente aqueles setores que produzem, formam e criam milhões
de oportunidades de empregos e negócios,) está preocupado e insatisfeito com a
demonstrada intensão do atual governo, sob a inspiração do ministro Paulo
Guedes, a respeito do drástico corte de verbas das entidades do Sistema S
(SESI, SENAI, SESC, SENAC, SEST, SENAT, SESCOOP (cooperativismo), SENAR e
SEBRAE), podendo levar todas essas entidades até a extinção.Com isso o governo
rasga a Constituição e fere de morte entidades responsáveis pela formação
profissional de milhões de brasileiros que não são favorecidos pelo poder
público.
60 anos
formando profissionais
As primeiras entidades componentes do chamado “Sistema S” –
SENAI, SENAC, SESI e SESC –, criadas, há mais de 70 anos, mediante atos dos
presidentes Vargas, Linhares e Dutra, mereceram a atenção dos constituintes,
diante dos excepcionais serviços prestados aos trabalhadores do comércio de
bens, serviços e turismo, da indústria, da agricultura e pecuária, da saúde e
de outros setores. “A criação dessas instituições constituiu uma verdadeira
revolução no sistema educacional brasileiro, abrindo as portas do ensino
profissional para milhões de jovens, que iriam guarnecer o chão das fábricas,
assim chamados os que, ao nível do ensino médio, dariam suporte às novas
indústrias e às cadeias comerciais que se multiplicavam rapidamente”.
Em tais condições, o art. 240 da Constituição, originado por emenda popular, com mais de um milhão de assinaturas, estabelece, a um só tempo, que, para o financiamento do Sistema: a) as contribuições dos empregadores são compulsórias; b) tais contribuições têm por base de cálculo a folha de salários; c) as receitas dessas contribuições são vinculadas às entidades de serviço social e formação profissional vinculadas ao sistema sindical, ou seja, às entidades que compõem o “Sistema S”; e d) essas entidades têm natureza privada.
O dinheiro não é público
Em tais condições, o art. 240 da Constituição, originado por emenda popular, com mais de um milhão de assinaturas, estabelece, a um só tempo, que, para o financiamento do Sistema: a) as contribuições dos empregadores são compulsórias; b) tais contribuições têm por base de cálculo a folha de salários; c) as receitas dessas contribuições são vinculadas às entidades de serviço social e formação profissional vinculadas ao sistema sindical, ou seja, às entidades que compõem o “Sistema S”; e d) essas entidades têm natureza privada.
O dinheiro não é público
As referidas contribuições não são tributos. Estes, em
sentido técnico, são, apenas, os impostos, as taxas e as contribuições de
melhoria, conforme dispõe o art. 145, caput, da Constituição. Tais
contribuições são imposições pecuniárias, compulsórias, mas isso não as
transforma em tributos, a exemplo do que acontece com outras imposições da
mesma natureza, como, por exemplo, as contribuições previdenciárias, as
contribuições sindicais, as contribuições ao FGTS, as contribuições do
interesse das categorias profissionais ou econômicas e os seguros obrigatórios.
Além disso, as contribuições ao “Sistema S”, apesar de arrecadadas pela Receita
Federal, não ingressam, nem se incorporam ao patrimônio público, sendo
vinculadas, pelo art. 240 da Constituição, a determinadas entidades privadas e
a determinados fins.
Mão de obra para milhões
Mão de obra para milhões
Dados
oficiais demonstram que mais de 73 milhões de brasileiros tiveram sua formação
ou foram beneficiados apenas pelas instituições do sistema ligadas à indústria
– SESI e SENAI. Mesmo com todo este acervo de realizações, o Sistema S acaba de
se transformar em alvo de ameaças que colocam em risco a sua própria
existência. É fato que precisamos reduzir a carga de impostos, mas não se pode
fazê-lo cometendo equívocos e atrapalhando o que vem dando certo. O ideal é que
sejam atacados os problemas estruturais do Brasil, como a burocracia do serviço
público e a ineficiência do Estado”.
A reação do Congresso
O jovem deputado federal da Bahia, João Roma (PRB)
bem define a preocupante situação: ”Um país, para crescer de forma sustentável
e gerar empregos, precisa, principalmente, de mão de obra qualificada. Os
jovens no Brasil perdem muitas oportunidades por falta de qualificação
profissional. É nesse contexto que o Sistema S atua, entre outras frentes. Cito
como exemplo o Senai, o maior complexo de educação profissional da América
Latina e um dos cinco maiores do mundo. E o governo, durante todos esses anos o
que investiu ou inovou nessa área? Absolutamente nada.
Portanto, preocupa as informações de que o novo
governo pretende suprimir entre 30% a 50% os recursos do Sistema S, o que
resultaria em imensos prejuízos, a exemplo do fechamento de 1,1 milhão de vagas
em cursos profissionalizantes do Senai e o encerramento das atividades de 162
escolas de capacitação. Agravando ainda mais o quadro, o Sesi teria que
extinguir 498 mil vagas para o ensino básico e na educação de jovens e adultos
ao fechar 155 escolas, além de demitir 18,4 mil trabalhadores, boa parte
educadores.
Um corte no orçamento do Sistema S irá prejudicar
especialmente milhões de jovens de baixa renda que encontram nos cursos e ações
oferecidas a única oportunidade de ter uma formação para entrar no mercado de
trabalho e construir uma carreira no futuro”.
Já na opinião do senador Armando Monteiro (PTB-PE), a manifestação de Guedes não foi feliz. Para o senador, novos governos têm uma tendência a querer fazer mudanças em certas estruturas sem uma acurada e responsável avaliação dos efeitos dessas posições, como se quisessem “imprimir uma marca de mudança”. Mas esse observou, não é o melhor posicionamento.
Líderes do MDB emitiram nota
conjunta em defesa do Sistema S e de todo trabalho por ele desenvolvido no
país.
Talvez o ministro não esteja
familiarizado com o que representa o Sistema S. Nas grandes cidades, ele é
importante, mas, nas médias e pequenas cidades, e nos estados menos
desenvolvidos, o Sistema S é algo vital para capacitação de empresários através
do Sebrae, para formação de mão de obra para a indústria, para o comércio, para
a agricultura e apoio ao micro e pequeno empresário.
Se o governo vem com mudanças,
temos de enfrentá-las de uma maneira democrática, como construímos o nosso país.
Isso não pode ser feito dessa forma preconceituosa, como ele se manifestou pelo
menos no primeiro momento. Se há desvio, desvio há até nas sacristias. Então,
não é a justificativa disso ou daquilo que pode ser feita de maneira
preconceituosa como ele fez: ‘Tem de enfiar a faca no Sistema S’
Palavra do TCU
O ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da
União (TCU), afirmou que o Sistema S
presta um serviço imprescindível para a população na área educacional e de
capacitação de trabalhadores.
“É imprescindível a função do Sistema S na
sociedade brasileira. Ele ocupou um espaço onde o Estado não estava. Quem pode
educar milhões de jovens como o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial) e o SESI (Serviço Social da Indústria) educou? O Estado, quando viu
a sua impotência, deu na Constituição essa prerrogativa ao Sistema”, destacou
Vital do Rêgo.