quinta-feira, 12 de abril de 2012



Dura Lex ...mas não tanto

“Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei.
Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica” (Fernando Sabino)


Convenhamos que a impunidade, a brandura das leis, as artimanhas protelatórias e a morosidade judicial têm dado grande contribuição à criminalidade e desrespeito ao direito do próximo. O Brasil é conhecido como um país onde as leis não são feitas para cumprir. Já ouvi de uma alta autoridade política a afirmação com relação a determinada importante norma. – “A Lei está ai, vamos ver se pega”.

Na semana passada o comerciante João Paulo Barboza Silva atropelou o cidadão, pai de família e gari, Pedro Bernardo Silva de apenas 26 anos, quando este laborava pesado em busca do sustento de sua família. No grave acidente a vitima teve ferimentos graves e em conseqüência perdeu uma perna.

No hospital além das dores do corpo também sofreu as da alma, pelo descaso de alguns profissionais da medicina que se imaginam “seres superiores”, e a desesperança de se tornar incapaz para a atividade profissional a qual se dedicara com honestidade e força de trabalho.

Em seu doloroso tratamento faltou-lhe tudo no hospital no campo material e para os familiares que o acompanhavam. Não fosse um grupo de “anjos da bondade”, o envolvimento de pessoas nas redes sociais e uma campanha humanitária seu sofrimento teria sido muito mais cruel.

A família do causador do seu infortúnio se preocupou apenas em “cuidar” do algoz ignorando o sofrimento da pobre vitimas e sua família desamparada e espiritualmente ferida que foi em busca mas lhe negaram qualquer ajuda.

É chocante o vídeo mostrado nas redes sociais, no qual o  motorista apresentando visíveis sinais de embriaguez se mostra exaltado e apenas preocupado “com os estragos causados ao carro”.

Hoje tomei conhecimento de dois fatos lamentáveis: o primeiro foi o juiz João Dirceu Soares Moraes reconsiderar sua própria decisão e baixar o valor da fiança do preso de  R$ 12.400,00 para R$ 6.220,00, como se estivesse lidando com um simples acidente casual. O outro fato a encenação patética de que o criminoso ao ser transferido para a Casa de Detenção “chegou abalado e nervoso, precisando receber atendimento psiquiátrico”.  Seus advogados já até anunciam: “A permanência do acusado não deve ser longa, uma vez que a qualquer momento deverá chegar um alvará de soltura”. 

Acredito até que ao publicar este comentário já tenha acontecido o inevitável: a liberdade imoral e absurda do criminoso. Mas assim é a lei e assim eles decidem.

Do outro lado da cena um pai de família mutilado, inválido com o corpo e a alma cheio de dores impostas por uma sociedade hipócrita, preconceituosa e bandida. Como diz a frase de Fernando Sabino para os que não podem a lei é dura, mas para quem pode ela estica.

3 comentários:

Candice Almeida disse...

Sua opinião reflete a dos alagoanos de bom coração. O que houve com esse trabalhador foi muito grave para ser enquadrado como lesão corporal culposa (dizem), lamentavelmente é o que se tem para o primeiro momento e é no que devemos nos acomodar.
Seu posicionamento não surpreende quem te conhece. Agradeço-o o apoio incondicional desde o início da campanha #SOSPedro. um agraço.

Anônimo disse...

A mais pura verdade. Quem pode se sai bem quem é pobre se lasca.
Esse vagabundo deveria passar um bom tempo na cadeia e ainda pagar pensão a vitima. Mas aqui com esses juizes? Nada vai lhe acontecer.
Parabens pelo texto e por coragem tambem. Não li nenhum jornalista opinar no assunto desta maneira.
Marcus Vinicius

Narcisa disse...

Devia mofar na cadeia. Mais vai sair , beber mais e atropelar outro.

Em defesa do Sistema S O Brasil inteiro, (principalmente aqueles setores que produzem, formam e criam milhões de oportunidades de ...