Cômico e triste Brasil
Por Raphael Curvo (*)
A matéria sobre José Sarney no “Estadão” é roteiro de pornochanchada. O que resta do Senador é apenas o corpo biológico. O corpo ético, moral e de respeitabilidade está em decomposição. Imaginem os senhores que para um escritório da empresa fantasma MC Consultoria, foram consumidas 3 mil “quentinhas” no valor de R$ 15.000,00, dinheiro doado pela Petrobrás à Fundação do Senador, comprovadas com notas fiscais do “além”.
É para este homem, maior autoridade do Senado do Brasil, que o presidente está vendendo a alma em troca de apoio e voto do PMDB do Sarney. Nada estranho de parte do presidente já que o rol de apoios contém Severino Cavalcanti, Jader Barbalho e por aí vai. O que me estranha em toda essa história é que a oposição não monta o contraditório do presidente em cima desses fatos e permite que o mesmo goze de tamanho índice de aprovação, 80% dos brasileiros, em pesquisa nacional.
Fica no ar um ponto de interrogação. Acredito que é conveniente aos oposicionistas a manutenção da situação como estratégia dos atuais ocupantes dos cargos eletivos em não criar conflitos com os eleitores. É preciso dissipar qualquer risco de perda de voto dos aprovadores da administração do presidente, mesmo com consciência de que tal índice de aceitação nas pesquisas está ligado diretamente a doações dos programas sociais. Estes compram a mente dos beneficiados que formam uma imensa massa de pessoas que viveram sempre à margem da sociedade e das relações de consumo em todos os níveis. O presidente perdeu a oportunidade de fazer o mesmo e melhor, caso empreendesse ações de resultados pelos benefícios doados a população, ou seja, ensinar a pescar e não apenas a receber o peixe, representados pelas bolsas família depositadas.
O presidente sempre faz discursos acusando a elite como aquela que não quer o bem do povo, mas vive no meio dela e gosta. Dizia que os empresários eram os maiores inimigos dos trabalhadores, mas está de beijos e abraços com eles. Atacava os banqueiros como demoníacos, mas favorece todos eles e faz tudo que pedem. Onde está a oposição, e suas inteligências, para o contraditório? Por que não há uma campanha nesse sentido para desconstruir o discurso do presidente? Não há interesse nisso com medo da perda de votos que possam vir do eleitor do Lulla que já descolou do PT.
O PT vai a reboque do presidente que transformou o Estado em “res privatae”. Não há diferença entre os desejos pessoais do presidente e os interesses do Estado. Há uma mistura entre o público e o privado. A conta corrente é a mesma. É isto que me leva a crer que vai ser difícil ele deixar escapar um terceiro mandato, a pedido do povão, ou mesmo uma extensão do atual, a pedido dos políticos.
É visível que essa composição eleitoral para 2010 passará pelos resultados da crise econômica que ainda não se arrefeceu. Está em um período de pausa e avaliação pelos donos do dinheiro mundial, os investidores e grandes corporações americanas que dominam cerca de 60% da indústria pesada do mundo.
Confiar no mercado chinês é jogar na loteria. A China, a grande impulsionadora de mercado no mundo, tem grandes e graves problemas que o Estado está tentando aplacar com maciço investimento em todos os setores da economia interna. Coisa que o Brasil deveria fazer e não faz, vide resultados da carga tributária que atingiu o maior nível da história.
O povo chinês não desfruta de sistema previdenciário, de poupança, auxílio em educação e outros benefícios. O emprego está sumindo com o fechamento de milhares de indústrias e ganhar dinheiro lá está virando garimpo. Isto o leva a guardar dinheiro para atender estas necessidades e com isso o consumo interno está em franca queda. O resultado é que dentro em pouco, aproximadamente 120 dias, a China deverá restringir seu mercado importador para defender sua economia. Vai ocorrer uma acentuada queda nas vendas das commodities brasileiras para aquele País.
O presidente Lulla sabe que o cabo das tormentas terá seu ápice até meados de 2010. Segurar essa crise exigirá resultados grandiosos para efeitos políticos. O discurso, em si, vai perder fôlego e ações concretas deverão acontecer para solidificar a sua permanência no poder. Ele tem plena consciência de que dificilmente emplacará a ministra Dilma Roussef até porque, meu sentido humanitário não autoriza outro sentimento que não o de dizer que, infelizmente, sua situação de saúde não permitirá voos tão altos, de alta perfomance. Quatro anos longe do poder e com muitos acontecimentos em pauta, como exemplo a copa do mundo, podem fazer a massa de analfabetos funcionais esquecer do dindin do bolsa família do Lulla que será lembrado da mesma forma que o bolsa escola, bolsa alimentação e vale gás do FHC.
(*) Jornalista, advogado pela PUC-RJ e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ . Colaborador do RESUMO POLITICO
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