NOVAS DENÚNCIAS NO ESCÂNDALO DA FAMÍLIA SARNEY
Eletrobrás deu R$ 250 mil ao Instituto Mirante, que é administrado por dois indiciados pela Polícia Federal
Eletrobrás deu R$ 250 mil ao Instituto Mirante, que é administrado por dois indiciados pela Polícia Federal

Diálogos captados pela PF com autorização judicial revelam como Fernando tratava de indicações de nomes para cargos na Eletrobrás e em outras estatais. Luzia Campos de Sousa é secretária do Conselho de Administração do Instituto Mirante. Era ela quem tocava o dia a dia da São Luís Factoring, peça central da engenharia para lavar dinheiro e não pagar tributos, segundo a PF.Luzia foi indiciada anteontem por gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e formação de quadrilha. É apontada como uma espécie de agente financeira particular de Fernando, pagando até a mesada dos filhos do empresário.João Odilon Soares Filho é tesoureiro do Instituto Mirante. Sócio minoritário da factoring (20%), também é alvo da Boi Barrica, e foi indiciado por gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.A principal dona da São Luís Factoring é a mulher de Fernando Sarney, Tereza Murad (80% do capital), também indiciada por gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.Criado em 2004, o Instituto Mirante, uma entidade sem fins lucrativos, tem o mesmo endereço do Sistema Mirante em São Luís, grupo de comunicação que controla uma afiliada da TV Globo, rádios e um jornal. Fernando é o principal dirigente do conglomerado.No estatuto, o instituto lista objetivos: preservação histórica, educação, ação social, empreendimentos imobiliários, turismo, defesa do ambiente e até pavimentação de estrada e fabricação de remédios.Segundo o Ministério da Cultura, o instituto recebeu da Eletrobrás em janeiro de 2007, pela Lei Rouanet, R$ 150 mil destinados à realização de festas, de Carnaval a reggae.A Eletrobrás também patrocinou com R$ 100 mil, em abril de 2006, o Baile do Fofão, uma festa do Carnaval maranhense. Fernando Sarney assinou esse contrato com a estatal.Além de João Odilon, encarregado de movimentar a conta da entidade, e de Luzia, o instituto tem como vice-presidente a mulher de Fernando, Teresa.Há um elo do Instituto Mirante com o suposto desvio de dinheiro da Petrobras pela Fundação José Sarney. Presidente do Conselho Fiscal do instituto, o contador Marco Aurélio Cavalcanti é dono da MC Consultoria, que recebeu R$ 40 mil da fundação. Ele não sabe explicar que serviços prestou e diz não saber se continua membro do instituto. A Petrobras repassou R$ 1,34 milhão, entre 2005 e 2008, para a fundação recuperar o acervo de livros e um museu.Empresário diz que não tem nada a declarar O empresário Fernando Sarney afirmou que não "tem nada a dizer" sobre o Instituto Mirante. "Está tudo normal, funcionando normalmente com os funcionários", disse.Fernando afirmou ainda que a reportagem está buscando "coisas negativas" a respeito dele.Sobre as acusações do inquérito da Operação Boi Barrica, o advogado Eduardo Ferrão, que defende o empresário, divulgou nota dizendo que as acusações contra os seus clientes "não procedem".O empresário tem dito em conversas restritas que as acusações contra ele são "papel solto no vento". Ele reclama que seu indiciamento pela Polícia Federal nesta semana já era uma questão decidida antes mesmo que ele prestasse depoimento.O empresário disse que não pode falar sobre as acusações da PF porque o inquérito está em segredo de Justiça. A reportagem não conseguiu localizar ontem Luzia de Jesus Campos de Sousa e João Odilon Soares Filho. A assessoria da Eletrobrás não respondeu aos questionamentos.
Fonte: Folha Online
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