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ADRIANA VANDONI
Luiz Nassif, quem diria...escreveu um artigo onde defende Maluf, Quércia, Collor, Renan, Ibsen, Jader, o deputado do castelo. Todos vítimas de uma tal de “mídia” sedenta por destruir qualquer político a qualquer custo. Para Nassif, nenhum deles cometeu crime, apenas foram e são, perseguidos por serem “controversos”.
Então fica assim, né? Se você rouba o mercadinho da esquina, você é ladrão. Mas se você rouba o dinheiro público, você é controverso. Francamente!!! Esta é a relativização da ética.
Bem sei que no caso do Nassif isto não é ignorância, mas má fé. Só que o que ele escreve influencia os ignorantes. Aqueles que pensam, por exemplo, que os políticos que roubavam no preço das ambulâncias, eram só ladrõezinhos de galinha. Como eles lucravam a cada ambulância, aconteceu um verdadeiro derrame delas. Claro, aumentava o lucro e ainda eram festejados nos municípios. Mas não estamos levando em conta quantas pessoas morreram porque esses ladrõezinhos preferiam distribuir ambulâncias a arrumar verbas para construir e equipar hospitais.
Deveriam ser enquadrados não como peculatários, mas como assassinos.
Eis o artigo de Nascif na íntegra :
Entendendo o fator Sarney
É tarefa inglória essa de tentar explicar o significado político da tentativa de derrubada de Sarney - ainda mais sabendo que Cláudio Humberto foi acionado para atacar o senador Pedro Simon.
Mas, vamos lá, que o desafio é bom.
Ponto 1 - Sarney representa, de fato, o lado complicado da política brasileira.
É um coronel político, trata os adversários menores (nos seus estados) sem complacência, vale-se de alianças no Judiciário e de facilidades no Executivo.
Lembro os seguintes posts que coloquei no Blog sobre ele.
No dia 30/07 um pouco da história de Sarney com grupos de mídia que ele próprio beneficiou.
No dia 12/07 outro post, lembrando a atuação de Saulo Ramos, no governo Sarney, conseguindo minha cabeça na Folha, em 1987.
Em 11/07 relembro o escândalo Cemar, que a mídia varreu para baixo do tapete, porque envolve grandes bancos de investimento que os jornais sonham ter como parceiros e/ou investidores.
No dia 04/07 mais informações sobre as ligações de Sarney com Edemar Cid Ferreira.
No dia 17/06, escrevo mostrando como a mídia relevou as ligações de Sarney com a Gautama, preferindo fuzilar seu adversário Jackson Lago .
No dia 17/03 mostro o golpismo de Sarney, usando os tribunais eleitorais para afastar adversários legalmente eleitos.
Ponto 2 - o grupo alagoano não é flor que se cheire.
Vide os ataques de Cláudio Humberto contra Simon que repetem, em escala menor, os assassinatos de reputação da mídia.
Ponto 3 - golpe e legalidade.
É aí que a porca torce o rabo. A derrubada de Sarney faz parte de uma manobra político-midiática visando desestabilizar o jogo político. Quer-se no Senado alguém que facilite CPIs e articulações que precipitem crises políticas.
Não fosse esse o intuito, não haveria a fulanização da crise do Senado em Sarney. Haveria interesse em identificar todos os beneficiários de atos secretos (não sobraria um Senador de pé), de exigir a punição de todos ou - melhor ainda - de batalhar pelas reformas no Senado.
Já tenho experiência suficiente para saber o significado de crises políticas. Afetam a vida de todos, dependendo de sua intensidade paralisam a economia, provocam terremotos no mercado, criam divisões que levam anos para serem corrigidas.
Ponto 4: o Judas da Semana Santa.
Para se legitimar perante os leitores, e impor seu poder de intimidação, a mídia precisa de Sarney, como precisou de Maluf, Quércia, Collor, Renan, Ibsen, Jader, o deputado do castelo e tantos personagens dessa natureza.
Pega políticos controversos e os transforma na personificação do mal, naqueles que precisam ser destruídos a qualquer custo, sob pena da moralidade soçobrar. Ou o Brasil acaba com eles, ou eles com o Brasil. Poupou apenas o pior deles, ACM.
São jogadas de cartas marcadas. Evidentemente, há políticos melhores e piores. Mas se a mídia decidir destruir qualquer político - de Lula a FHC, de Dilma a Serra, do PT ao PSDB - ela conseguirá elementos, factóides, armações ou provas. O modelo político brasileiro expõe todos.
Quando se entra nesse jogo, se está transferindo para a mídia o poder de definir quem é o atacado e quem é o poupado. Está se conferindo a ela um poder absurdo, de defenestrar o presidente do Senado, sempre que lhe der na telha, de tentar derrubar presidentes (como fizeram com Collor, em certo período tentaram com FHC e há cinco anos tentam com Lula), de calar o Judiciário com denúncias, sempre que alguma decisão não for do seu agrado. Pergunto: esse poder será exercido com critério, com moderação ou obedecerá aos interesses específicos dos grupos jornalísticos?
É barato o preço a ser pago pela degola seletiva de Sarney? Creio que não. É jogar o epicentro da crise no Senado, reforçar o papel da mídia de derrubar quem quiser, de impor seu padrão e seus interesses a qualquer poder e de expor o país a qualquer crise, contanto que seus objetivos sejam alcançados.
Espero que, um dia, Sarney pague por todo seu passado. Mas espero que isso ocorra seguindo todos os procedimentos legais, não sendo empurrado goela abaixo do país por esse alarido midiático. Por isso, ao mesmo tempo que aguardo a condenação de Sarney, espero que o presidente do Senado resista e não se deixe derrubar por esse jogo de sombras e interesses.
Fonte: prosaepolitica.com.br
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