UFAL em defesa da vida
A Universidade Federal de Alagoas com o apoio da
sociedade civil, de instituições sociais e profissionais de várias áreas está
desenvolvendo importante projeto que tem como tema principal “A UFAL em Defesa
da Vida” com o objetivo de levantar dados de milhares de pessoas
vítimas da violência em nosso Estado, buscando que essas pessoas não sejam “apagadas”
da memória e signifiquem apenas números
da incontida e perversa violência que nos coloca à frente no ranking nacional,
numa página que n os envergonha e mancha a nossa autoestima diante do
imobilismo de instituições e até da própria sociedade.
A professora e socióloga Ruth Vasconcelos Lopes
Ferreira que coordena o programa “UFAL em Defesa da Vida” nos fala sobre os
seus objetivos e defende a participação de todos os segmentos da sociedade no
engajamento às ações que fazem parte de uma ampla programação de atividades. O
Instituto Cidadão é uma das entidades que participa com o seu apoio institucional na divulgação
do programa UFAL EM DEFESA DA VIDA.
Segundo a professora Ruth Vasconcelos “ O 11° Ato do Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA tem como tema “As vítimas de violência em Alagoas: a dor que os números não revelam”. Nosso propósito é humanizar os dados estatísticos revelando, através das histórias de vida das pessoas que foram assassinadas no Estado de Alagoas, quais eram suas qualidades e virtudes, seu jeito de ser e o que gostavam de fazer no convívio entre amigos e familiares.
Numa tentativa de evitar que essas pessoas sejam esquecidas e tenham suas histórias reduzidas aos números estatísticos, estamos abrindo um espaço para que a sociedade partilhe as histórias de vida das pessoas que tiveram suas vidas abreviadas em função de um ato de violência.
Com o 11° Ato do Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA busca-se estimular a construção de um sentimento coletivo de solidariedade e de identificação social através do afeto. Propomos fazer desse evento um gesto de solidariedade que possa amenizar a dor, a tristeza e a saudade produzidas pela perda de um amigo ou familiar. Entendemos que, assim, estamos contribuindo para construção de um processo de sensibilização social, estimulando o sentimento de compaixão em relação àqueles que tiveram a dramática experiência de ter um parente ou amigo assassinado.
É importante esclarecer que não estamos fazendo investigação criminal; não estamos pedindo que as pessoas relatem os crimes nem apontem os supostos assassinos. Nosso ato está sintonizado com a vida, com os sentimentos de solidariedade, de compaixão, de companheirismo, enfim, queremos contribuir para manter viva a memória de todas as pessoas que foram vítimas da intolerância e da violência fatal na sociedade alagoana.
O que nos mobiliza é o desejo de não ver mais mães e pais enterrando seus filhos. Não queremos mais ver pessoas queridas e talentosas sendo retiradas da vida por terem sido golpeadas por um ato de violência letal. Queremos contribuir para reduzir a intolerância, a indiferença e a desvalorização da vida, pois sabemos que tudo isso só produz dor e sofrimento e resulta, inevitavelmente, na banalização da morte.
Nossa intenção não é a espetacularização da violência; estamos tratando todas as histórias de vida partilhadas em nosso site com o máximo respeito, consideração e responsabilidade. Entendemos que só assim podemos manter viva a memória de cada pessoa que foi assassinada em nosso Estado, não deixando que elas sejam esquecidas nem caiam no anonimato.
O Ato propõe justamente revelar a dor que os números não conseguem revelar. Entendemos que conhecendo um pouco da história das pessoas que foram assassinadas teremos mais chances de desenvolvermos entre nós um sentimento humanitário, fortalecendo os laços sociais em torno da solidariedade. Não podemos naturalizar a morte violenta! É preciso demonstrar a nossa insatisfação e indignação com essa realidade onde milhares de alagoanos estão perdendo suas vidas e, consequentemente, deixando milhares de mães, pais, amigos, amores e conhecidos desolados pela dor da perda.
Pretendemos representar simbolicamente cada uma dessas pessoas identificadas em nosso site plantando uma árvore no espaço da UFAL. Essa é uma homenagem singela que a Comunidade Universitária prestará aos familiares e amigos que estão colaborando na construção do 11° Ato do Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA que acontecerá no mês de junho.
Esse Ato também tem a missão de estimular que as pessoas reflitam sobre a possibilidade de resolverem seus conflitos de forma civilizada, de forma pacífica e dialógica. Sabemos que os conflitos, muitas vezes, são inevitáveis; mas, precisamos estimular que todos busquem resolvê-los através do diálogo, com a mediação da palavra e da compreensão. Precisamos difundir a ideia de que não há qualquer motivo que justifique alguém tirar a vida de outra pessoa. Esse gesto de intolerância produz traumas humanos e muita destruição para o resto da vida dos que ficam.
Precisamos aprender a conviver com as diferenças, pois, a sociedade é mesmo muito diversa e heterogênea; assim, vamos sempre encontrar pessoas que são diferentes, que agem de forma diferente e são portadores de desejos diferentes. Portanto, precisamos aprender a conviver com essas diferenças e divergências no âmbito de nossas relações sociais e interpessoais.
Que estabeleçamos, de uma vez por todas, o
consenso de que para que possamos viabilizar a vida em sociedade, cada pessoa
precisa colaborar, reconhecendo a vida como o maior bem que existe na face da
terra. A mensagem que queremos transmitir com a realização do 11° Ato em Defesa
da Vida é exatamente essa: a vida humana é um bem precioso que não pode ser alvo
da indiferença, da intolerância, do desrespeito e da irresponsabilidade. Todos
esses sentimentos contribuem para a banalização da morte que tem produzido
muita dor e saudade entre os viventes. O que desejamos é justamente o inverso:
que todos defendam a vida de forma incondicional.
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