O
velho e arrogante Renan

O senador reagiu mal à derrota
na disputa à presidência do Senado. Em comentário publicado em suas redes
sociais, Renan fez ataque, de natureza sexual, contra a jornalista Dora Kramer,
colunista da revista Veja,
e o pai da senadora Simone
Tebet, uma das articuladoras da vitória de Davi Alcolumbre.
Chamado por Dora de arrogante no
artigo em que a colunista analisava o resultado da eleição no Senado, Renan
escreveu em sua conta no Twitter que já foi assediado sexualmente pela
jornalista. "A Dora Kramer (Veja) acha que sou arrogante. Não sou. Sou
casado e por isso sempre fugi do seu assédio. Ora, seu marido era meu assessor,
e preferi encorajar Geddel e Ramez, que chegou a colocar um membro mecânico
para namorá-la. Não foi presunção. Foi fidelidade
![]() |
Renan Calheiros e Simone Tebet |
O senador se referia ao ex-deputado preso Geddel
Vieira Lima (MDB-BA) e ao ex-presidente do Senado Ramez Tebet (MDB-MS),
falecido em 2006. Filha de Ramez, Simone se aliou a Alcolumbre após ter sido
preterida por Renan, em votação da bancada do MDB, na disputa à presidência da
Casa. Após o comentário repercutir negativamente nas redes sociais, o senador
alagoano apagou a mensagem. Mesmo assim, a #RenanCassado esteve entre os
assuntos mais comentados do Twitter.
A jornalista recebeu
centenas de manifestações de solidariedade nas redes. Dora agradeceu o apoio e
disse que o senador mostrava, com seu comentário, quem de fato é. "Amigos,
agradeço demais as manifestações, mas quero dizer que me abalo zero com essa
coisa do Twitter. Não vou responder porque o que ele diz fala por ele".
Jornalistas também
saíram em defesa de Dora Kramer. "Seu post, senador, dá a real dimensão do
seu caráter. Ou da falta dele", respondeu Ricardo Noblat, também de Veja. A colunista Cora
Ronai, do Globo,
foi outra que condenou o ataque: "Renan, o Canalha, revela-se no
ressentimento: acaba de postar o tuíte mais machista, asqueroso e repulsivo da
política brasileira em todos os tempos, o que não é dizer pouco".
Que fidelidade, senador?
Apesar das juras de fidelidade no casamento, Renan
renunciou a presidência do Senado em 2007 depois de ter sido acusado de
direcionar emenda parlamentar em favor da empreiteira Mendes Junior. Em troca,
segundo a denúncia, o lobista da empresa pagava a pensão alimentícia devida
pelo senador a uma filha que teve em relação extraconjugal com a
jornalista Mônica Veloso.
Na época, ele teve a cassação recomendada pelo
Conselho de Ética, mas foi absolvido em plenário em votação secreta. Embora
tenha preservado o mandato, ele teve de abrir mão da presidência da Casa, cargo
que voltou a ocupar posteriormente por outros dois biênios.
Sua maior derrota
No último sábado (2), Renan sofreu sua maior
derrota eleitoral. O quadro começou a se desenhar na sexta, depois que o
plenário, em sessão tumultuada, resolveu abrir a votação para presidente do
Senado. A decisão foi revertida a pedido de Renan e aliados do MDB na madrugada
pelo ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que o voto
fosse secreto.
De maneira estratégica, os senadores que se opunham
ao emedebista decidiram, então, abrir as cédulas para mostrar em quem estavam
votando. Ao perceber que seria derrotado, Renan retirou sua candidatura,
alegando que havia irregularidades e atropelos no processo eleitoral.
Atualmente Renan responde a uma dezena de
investigações no Supremo. Ele é um dos principais alvos da Operação Lava Jato
em liberdade. Por esse histórico, vários senadores já haviam confidenciado ao
emedebista que teriam dificuldade de votar nele caso a votação fosse aberta. Ao
abandonar o plenário no sábado, o emedebista admitiu que esperava ter quatro
votos do PSDB, por exemplo, se o partido não tivesse orientado seus
representantes a mostrarem o papel de votação.
O novo e o velho são iguais
Sempre ao seu estilo “camaleão”, o senador alagoano
saiu-se com uma conversa de que surgia um novo Renan, ás vésperas da disputa
para a presidência do Senado, buscando se aproximar do governo do presidente
Jair Bolsonaro e ganhar a simpatia de adversários. Dizia: “Você conhecia o velho Renan. O novo Renan está chegando e vai
discordar do outro em muita coisa. O outro era mais estatizante. Este é mais
liberal, que vai ajudar a fazer as reformas”.
Sobre o assunto disse o jornalista Augusto Nunes
(Veja): “Na
disputa pelo comando do Senado foi preciso optar entre a dúvida Davi Alcolumbre
e a certeza repulsiva Renan Calheiros. Alcolumbre pode dar certo. Se der errado
não será pior que Renan, mentor do bando que reduziu o Senado a uma filial do
clube dos cafajestes. Decidido a ocupar a presidência da Casa, Renan Calheiros
decidiu apresentar-se como “novo Renan”, mas a fantasia ficou em farrapos”.
As redes
sociais
A pressão
das redes sociais foi altamente fundamental na derrota do senador Renan
Calheiros na disputa pela presidência do Senado, tanto que mesmo com o voto
secreto, imposto pelo ministro Dias Toffoli, numa suspeita decisão nas caladas
da madrugada, a maioria dos senadores fez questão de mostrar os votos, numa
“prestação de contas” aos seus eleitores que cobravam essa posição pelos
aplicativos (twitter, Facebook e outros). O próprio senador Flávio Bolsonaro,
filho do presidente da República, foi um dos que sob pressão exibiu seu voto,
que trouxe a frustração e a “gota d´água” para o acovardamento de Calheiros.
Adversários comemoram

O procurador chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol
disse: “O Brasil está mudando. A rejeição
da sociedade e do Congresso a alguém investigado pela prática de corrupção. A
sensibilidade dos senhores senadores mostra a força e a importância da
mobilização da sociedade. O fortalecimento do exercício da cidadania em favor
de causas como a anticorrupção é algo que pode levar o Brasil para novos e
melhores rumos”.
O
ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que foi um dos articuladores da vitória
do senador David Alcolumbre, que teve
alguns embates anteriormente com Renan Calheiros e faz parte da tropa de
Bolsonaro que sempre resistiu ao seu nome comemorou a vitória efusivamente.
“Vamos para o enfrentamento se assim desejar Renan Calheiros, isso é
democracia. A derrota dele vai fazer bem para o país e ele estava junto com o
PT sempre. O Senado se reencontrou com as ruas. Ele que fique com Lula e o PT”. (Com informações da Folha de São Paulo e Veja).
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