sábado, 31 de março de 2012

O suicídio político de uma “vestal” do Congresso

Investigado pela Procuradoria-Geral da República pelas suspeitas de envolvimento criminoso com o empresário de jogos Carlos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse a pessoas próximas que "está morto" politicamente, mas que não vai renunciar nem se licenciar do cargo.

A interlocutores que estiveram com Demóstenes em seu gabinete, o senador disse que houve um vazamento intencional das investigações, para atingi-lo e poupar outros políticos citados nelas.

O PSOL protocolou no Conselho de Ética uma representação contra o senador, para investigá-lo por quebra de decoro parlamentar -- o que pode acarretar na cassação de seu mandato. Ele ainda corre o risco de ser expulso de sua sigla.

DENÚNCIAS

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para investigar Demóstenes. Ele entende que existem indícios de uma ligação criminosa entre o parlamentar e o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Demóstenes admite que recebeu de Cachoeira um telefone especial para conversas entre os dois. A investigação policial gravou cerca de 300 diálogos entre o senador e o empresário de jogos por pelo menos oito meses.

O democrata também ganhou de Cachoeira um fogão e uma geladeira, presentes que segundo Demóstenes foram oferecidos por um "amigo" quando se casou no ano passado.

DEMOCRATAS JÁ PREPARAM EXPULSÃO

O senador José Agripino (RN) assumiu a liderança do DEM, depois de o colega de bancada e de partido Demóstenes Torres .

Agripino disse que a Procuradoria Geral da República tem que divulgar o inquérito para que Demóstenes possa se defender de fatos e não de insinuações

O novo líder afirmou que a situação de Demóstenes é "incômoda" porque sobre ele pairam dúvidas que não foram esclarecidas. "O que não pode é perdurar a dúvida. É acusado de que?Qual a legitimidade da denúncia? A Procuradoria tem todos os elementos para fazer isso, para que os acusados possam ter direito de defesa. É isso que o DEM quer", disse.

Agripino afirmou que o partido não convive com a falta de ética e que, caso as denúncias sejam comprovadas, Demóstenes será expulso. "Na hora em que seus líderes são acusados, com base em evidências em perda de decoro, o partido nunca hesitou em expulsar. O Democratas tem uma tradição a zelar e a zelará. Não convivemos com a perda da ética."

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