domingo, 11 de agosto de 2013


Para refletir: A Assembleia Legislativa de Alagoas nunca foi a “Casa do Povo”.  Muito pelo contrário , ali  as práticas sempre foram contrárias ao legal , ao moral e  o interesse público”.

Uma Assembleia Divina

A Assembleia Legislativa de Alagoas é um paraíso habitado por santos, anjos, arcanjos e querubins. Todos filhos de Deus e muitos afilhados ou parentes de algum santo da prestígio. Têm também mamães, papais, filhos e filhas, sobrinhos e até “aderentes” a receber os beneplácitos dadivosos e a dividir o “maná” não tão sagrado daquele “Éden”. Tudo vivia na mais completa calmaria, desfrutando das benesses paradisíacas, mas eis que chega um “capeta” para transformar as vida de todos num inferno. 

Este “capeta” tem nome: deputado João Henrique Caldas, um jovem de primeiro mandato que inconformado com o odor dos intestinos putrefatos daquele poder decidiu tal qual um “Dom Quixote”  da modernidade, sem o seu Sancho Pança e o cavalo Rocinante atacar o mal com todas as suas forças e os argumentos de provas incontestes  que escancaram os cofres mutilados da Assembleia Legislativa, não surpreendendo, mas chocando a sociedade alagoana.

Na história de Cervantes Dom Quixote era considerado um demente, um louco, que via nos moinhos, verdadeiros dragões os quais precisava vencer. Sua filosofia de vida era a de destruir o mal e defender os mais fracos. Em verdade sua contribuição de vida é o da boa loucura, da vontade ilimitada em fazer o bem, sem olhar a quem.

E assim é considerado por alguns o parlamentar que sozinho, sem apoio institucional, sem apoio político teve a coragem de enfrentar o poderio de muitos e  desvendar por vias judiciais os mistérios não tão misteriosos que há anos e muitas legislaturas corroem não epanas o erário, mas também a moral do poder Legislativo.

As acusações do deputado

Com demonstrativos bancários, coneguidos graças a determinação judicial, o deputado JHC veio a público com denúncias de efeito devastador deixanbdo evidente a má versação do dinheiro público por membros da Mesa Diretora da Assembléia beneficiando a maioria dos parlamentares, familiares e apadrinhados políticos. Repito que o fato não foi surpreendente, pois todos sabiam ou pelo menos desconfiavam que algo de errado deveria estar acontecendo com o dinheiro destinado à manutenção das atividades legislativas através de um gordo e absurdo duodécimo.

O corajoso deputado viu e agiu quando os que tinham obrigação da fazê-lo nunca o fizeram. Onde estavam o Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público, a Receita Federal, O Ministério Público de Contas e todos os que deveriam cuidar e proteger com rigor o Controle Externo? Missão que lhes é conferida pela Constituição.

E o nosso Dom Quixote teve que em uma estafante e perigosa jornada de cidadania buscar provas, reunir documentos, argumentar pontos de uma denúncia bem fundamentada. Depois, já que aqueles que deveriam não se manifestaram em seu apoio iniciou uma perigrinação levando ao Ministério Público,  Judiciário, Receita Federal, Polícia Federal, Tribunal de Contas e MP de Contas e abrindo para a imprensa a farta documentação que comprova que “há algo no ar além dos aviões de carreira”.

Pirão com muita mexida

Ao receberem as graves denúncias os que as recepcionaram se mostraram alarmados com o tamanho da gravidade. Alguns se manifestaram de pronto, outros preferiram calar, talvez até por vergonha de alguém ter feito o papel que lhes cabia. Agora todos estão munidos das provas e das avidencias dos supostos crimes cometidos na Assembleia. Quem será o primeiro a se manifestar? Ou melhor: alguém vai se manifestar? Alguns criaram comissão para analisar a documentação, outros passaram o caso para o “relator”, e houveram os que  prometeram “ agilidade na apuração”. Quem acredita nisso? Talvez nosso “herói  de La Mancha” em sua loucura sagrada acredite. Mas o povo, esse com certeza não confia.

A culpa é da Caixa

O ilustre presidente da Assembléia Legislativa, deputado Fernando Toledo, acuado com as denúncias não teve dúvidas: “ A culpa é da Caixa Econômica por erros nas transferências. São lançamentos indevidos e depois estornam das contas. Todas as informações são legais e dentro dos limites constitucionais”. Será que imagina que somos todos idiotas para a acreditar nessa conversa mal contada. Ele deve acreditar em sua “verdade”, mas nós?

CPI: Raposa investiga galinhas

Certamente com o intuito de tirar de foco as graves denúncias contra a Mesa Diretora da Assembleia o “assíduo e atuante” deputado Olavo Calheiros  sugeriu a criação de uma CPI para apurar o caso. O fato não é cômico, mas é trágico. Seria mais ou menos assim: uma comissão de deputados com o objetivo de apurar seus próprios erros, expor as vísceras de cada um , denunciar os culpados e mostrar a todos nós a “verdadeira história do desvio de milhões dos cofres públicos”.  Para quem acredita em Papai Noel, Fadas e Duendes, uma história de muito encanto. Para quem conhece a Assembleia e seus integrantes uma proposta atrevida e provocativa.

 Falando asneiras

O deputado Jeferson Morais outro “arauto da moralidade pública” quando deveria estar ao lado de seu colega e envergonhado pela exposição ironizou o autor das denúncias insinuando que este “entendia de mídia”. Denunciar falcatruas deputado não é buscar aparecer, mas sim defender a dignidade e  o interesse público, que talvez desconheça. Se a mídia dedica espaço ao deputado JHC é porque como a sociedade está indignada e a exigir apuração rigorosa dos fatos. Sem saber o que estava falando  acrescentou Moraes: “Duvido que a Assembleia tenha fiscalizado qualquer órgão público deste estado. E o nosso papel de fiscalizador”. Um tiro no próprio pé.

 Tudo especulação

Na visão equivocada de outro parlamentar, Marcelo Victor “ tudo não passa de especulações veiculadas pela imprensa”. Das duas uma: enlouqueceu ou quer nos fazer de ótarios. Desdenhou das denúncias e menosprezou a inteligência de quantos se indignaram com as fartas e robustas provas das trapalhadas financeiras que vêm sendo cometidas.

Minha conclusão dos fatos

Para Jean-Jacques Rosseau, conhecido filósofo suíço e teórico político, todo homem nasce bom, mas o meio o corrompe. Já outros filósofos como Maquiavel, Moore e Hobes defendiam que todo o ser humano é mau por natureza e é preciso domesticá-lo, impor-lhe a lei e sujeitá-lo a penalidades.

E agora? Mudamos o meio ou as leis? Por ora, já que ninguém ainda encontrou uma solução, prefiro pensar que nem todo o político é corrupto ou de alguma forma desonesto. Só não achei ainda um que pudesse me provar isso.

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